quinta-feira, 28 de março de 2013


John Wesley (1703-1791) é conhecido como um pregador que revolucionou a Inglaterra do século XVIII, foi instrumento de avivamento, e influenciou profundamente a igreja com seus ensinos sobre santificação. Poucos talvez saibam que ele ganhou muito dinheiro com a venda de seus livros e panfletos, e que sua renda o classificava como um dos homens mais ricos da Inglaterra do seu tempo.

A seguir, alguns dos seus ensinamentos sobre dinheiro:
John Wesley viu o movimento de Metodismo que fundou crescer de dois irmãos para uma sociedade de quase um milhão de pessoas durante o período da sua vida. Porém, nos seus últimos anos, ele ficou triste e pessimista com relação ao movimento. Os seguidores não tinham mais fervor e amor pelo Senhor, o que se demonstrava de diversas maneiras, entre as quais sua indisposição de visitar e ajudar os pobres e necessitados. Wesley temia que o Senhor não estivesse mais no meio deles, que o povo tivesse abandonado seu "primeiro amor", e que talvez seus labores de uma vida inteira fossem perdidos.



Wesley atribuiu esta frieza espiritual e afastamento de Deus principalmente ao crescimento de riquezas e possessões. Notou que o nível econômico médio dos metodistas havia melhorado mais de dez vezes em relação ao princípio do movimento. Parecia-lhe que quanto mais dinheiro tinham, menos amavam ao Senhor, menos disposição tinham, entre outras coisas, para auxiliar os necessitados.

Wesley pregava muito sobre o uso correto do dinheiro, e de como somos apenas despenseiros de Deus. O propósito de Deus em nos abençoar financeiramente é para podermos compartilhar com aqueles que não têm. Gastar em coisas supérfluas ou além do básico necessário é, por isso, roubar de Deus.

É difícil imaginar este grande pregador, que falava tanto sobre o amor, ficando irado ou expressando ódio para alguma coisa. Ele até ensinava que o amor de Deus pode encher de tal forma nosso coração que seremos capazes de amar perfeitamente a Deus e ao nosso próximo. Mas havia uma palavra que Wesley realmente detestava. Era a palavra que as pessoas usavam para justificar gastos extravagantes ou um estilo de vida materialista. Diziam: "Mas tenho condições de comprar aquilo ou de viver assim". Para ele esta expressão "tenho condições" era vil, miserável, imbecil e diabólica, pois nada do que temos pode ser considerado nosso. Nenhum cristão verdadeiro jamais deveria usá-la.

Ele não só pregou, mas viveu este princípio na prática. Numa época em que uma pessoa podia viver tranqüilamente com £30,00 (trinta libras) por ano, Wesley começou ganhando mais ou menos isto no início de sua carreira de professor da universidade.

Um dia, porém, notou uma empregada doméstica que não tinha agasalho suficiente no inverno, e que não tinha nada para lhe dar, pois já gastara todo seu dinheiro para si mesmo. Sentiu-se fortemente repreendido por Deus como mau despenseiro dos seus recursos. Daí em diante, reduziu ao máximo suas despesas para poder ter mais para distribuir.

Com o tempo, sua renda anual passou de £30,00 por ano a £90,00, depois a £120,00 e anos mais tarde chegou a £1400,00. Entretanto, nunca deixou de viver com os mesmos £30,00, e de dar embora todo o restante. Segundo seu próprio testemunho, nunca teve mais que £100,00 no bolso ou nas suas reservas. Ensinou que quando a renda do cristão aumentasse, devia aumentar seu nível de ofertas, não seu nível de vida.

Quando morreu, deixou apenas algumas moedas nos bolsos e nas gavetas, e os livros que possuía. A grande maioria das £30.000,00 que ganhou durante sua vida (com panfletos e livros) foi doada a pobres e necessitados.

Wesley baseava sua prática em cinco pontos fundamentais:

1. Deus é a fonte de todos os recursos do cristão. Ninguém realmente ganha dinheiro por sua própria esperteza ou diligência. Pois Deus é fonte de toda energia e inteligência.
2. Os cristãos terão de prestar contas a Deus pela forma como usaram o dinheiro. Em qualquer momento, podemos ter de prestar contas a Deus. Por isto, nunca devemos desperdiçar o dinheiro agora, pensando em compensar futuramente.
3. Os cristãos são mordomos do dinheiro do Senhor. Somos apenas agentes dele para distribuí-lo de acordo com sua direção. Portanto, não temos condições de fazer algo contrário à sua vontade.
4. Deus concede dinheiro aos cristãos para que o repassem àqueles que têm necessidade. Usar este dinheiro para nós mesmos é roubar de Deus.
5. O cristão não tem mais direito de comprar algo supérfluo para si mesmo do que tem de jogar o dinheiro fora.

Com isto em mente, Wesley dava quatro conselhos quanto às prioridades de Deus para o uso da renda individual do cristão:
1. Suprir todo o necessário para si mesmo e a família (1 Tm 5.8).
2. "Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes" (1 Tm 6.8).
3. "Procurai as coisas honestas, perante todos os homens" (Rm 12.17), e "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma" (Rm 13.8). Depois de cuidar das necessidades básicas, a próxima prioridade é pagar os credores, ou providenciar para que todos os negócios sejam feitos de forma honesta, sem incorrer em dívidas.
4. "Façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé" (Gl 6.10). Depois de prover para família, credores, e negócios, Deus espera que todo o restante lhe seja devolvido através de doar aos necessitados.

Para ajudar a discernir em situações não muito claras se está tomando a direção certa diante de Deus, Wesley sugeria que o cristão fizesse a si mesmo as seguintes perguntas em relação a algum bem que quisesse adquirir:
1. Em gastar este dinheiro, estou agindo como se eu fosse dono dele, ou como despenseiro de Deus?
2. Que Escritura me orienta a gastar dinheiro desta forma?
3. Posso oferecer esta aquisição como oferta ao Senhor?
4. Deus haverá de me elogiar na ressurreição dos justos por este dispêndio?

Nossa opinião
Isso vale para mim: temos dado pouco exemplo como cristãos. Na Igreja Primitiva, repartir o que tinha era algo comum entre os convertidos. Havia uma preocupação em não deixar nenhum filho de Deus a passar por necessidade. Hoje, olhamos para o pobre, sendo nós um pouco mais abastecidos, e ignoramos sua fome, sua miséria e sua dor. Olhamos para os doentes e acreditamos ser do Estado o dever de apoiá-lo, afinal pagamos os impostos para isso. Vivemos uma vida em busca de mais riqueza, mais poder e bens. Estamos mais preocupados em ter uma casa ainda maior, mais luxuosa e mais imponente. Não sou contra o conforto. Se dissesse isso seria hipócrita. Mas vejo que nós, isso vale para mim, temos muito mais que precisamos e mesmo assim não nos importamos em dividir nem as sobras com os necessitados. Que Deus nos liberte desse egoísmo, que nada combina com o verdadeiro Evangelho.

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