segunda-feira, 5 de novembro de 2012
É inegável que Deus dotou o homem e os seres espirituais da faculdade da comunicação e, no caso dos que são seus filhos, do importar-se uns com os outros. Católicos, protestantes e evangélicos estão de acordo com isso.
Também é consenso entre os cristãos que os filhos de Deus aqui na terra podem interceder uns pelos outros, pois lemos em 2 Tessalonicenses 3:1:
“Por fim, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor seja divulgada e glorificada, como também aconteceu em vosso meio.”
Em 1 Timóteo 2:1, encontramos provas da necessidade de intercedermos a Deus por outros:
“Antes de tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens.”
Mediador e Intercessores
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Todavia, as dificuldades surgem entre católicos, protestantes e evangélicos quando algumas questões são levantadas pela Igreja Romana. A primeira é:
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Argumento Católico Romano 1 - Se Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, conforme 1 Timóteo 2:5, e se medeia, intercede, e se ao mesmo tempo podemos interceder uns pelos outros, portanto, sermos intercessores, não indicaria isso que o fato de Jesus ser o único mediador ou intercessor não impediria de os santos católicos imitarem a Cristo e elevarem a Deus pedidos em nosso favor?
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Resposta Cristã - Em primeiro lugar, precisamos compreender que embora tanto Cristo como os cristãos, e até o Espírito Santo de Deus (Romanos 8:26, 27), intercedam por nós, o texto de 1 Timóteo 2:5 fala de mediação, não intercessão. Embora a mediação de Cristo entre Deus e os homens possa incluir a atos intercessores, apenas Cristo é o mediador. Por quê? Porque a palavra grega “mesítes” é, no contexto cristão, aplicada apenas a Jesus Cristo. (Veja Hebreus 8:6; 9:15) Observe, abaixo, o texto grego em 1 Timóteo 2:5:
Esta palavra mesítes é, no contexto Cristão, aplicada apenas a Jesus porque, conforme VINE explica, “a salvação dos homens tornava necessário que o próprio Mediador possuísse a natureza e atributos daquele para quem Ele age, e, igualmente participasse da natureza daqueles por quem Ele age (exceto o pecado); somente sendo possuidor da deidade e da humanidade é que Ele poderia compreender as reivindicações de um e as necessidades dos outros.” ¹ Em outras palavras, só Jesus pode ser este mediador por ser perfeitamente Deus e perfeitamente homem.* Mas quando se trata de intercessão de uns para com os outros, usam-se outras palavras gregas que não mesítes. Por exemplo, em 1 Timóteo 2:1, Paulo exorta que se faça intercessões (enteukis) por todos os homens. Veja como essa palavra ocorre no texto em grego:
Em Romanos 8:26, 27, os verbos para interceder, referindo-se à obra do Espírito Santo na vida do crente, são entunchano, no v. 27 (fazer petição) ehypertounchano, no versículo 26, com o significado de “interceder em favor de outrem“. (VINE) Veja o texto em grego abaixo:
No caso de Jesus, além de ser o único mesítes (Mediador), em Romanos 8:34 lemos que Ele intercede (entunchano) por nós. Com isso em mente, Jesus é o único mesítes (mediador) e intercede (entunchano), e nós não podemos ser mediadores no mesmo sentido que Jesus é, todavia, nós e o Espírito Santo podemos interceder pelos salvos em Cristo Jesus.
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Com essas informações em mente, não é o fato de Jesus ser o único mediador entre Deus e os homens, em si, que provaria que nós não devemos pedir pela intercessão dos santos que já estão na glória celestial. Afinal de contas, o texto que usamos em 1 Timóteo 2:5 fala do papel exclusivo de Jesus: Somente Ele medeia entre Deus e nós porque apenas Ele é perfeitamente Deus e perfeitamente homem, e isso a Igreja Católica Romana também crê.
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O que católicos, protestantes e evangélicos precisam provar é: Há na Bíblia indícios de que a intercessão de uns para com os outros continua após a morte, ou que podemos pedir a um santo lá no céu para que interceda por nós a Deus?
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Para os católicos, suas maiores provas são extra-bíblicas. Baseiam-se na Tradição da Igreja. Segundo eles, já nos primeiríssimos anos do Cristianismo, os cristãos, nas catacumbas de Roma, ao se reunirem ali escondidos dos Imperadores Romanos, cultuavam os mortos. De fato, há nessas catacumbas inscrições de cristãos pedindo a Pedro e a Paulo que rezassem por fulano ou beltrano. Todavia, esse costume de acordo com as Escrituras era errôneo. A Bíblia ensina em Eclesiastes 9:3-11 que os mortos nada sabem do que ocorre debaixo do céu. Além do que tais inscrições nessas catacumbas também incluíam petições a deuses e semi-deuses pagãos, para agirem como intercessores, provando que os cristãos, entre os séculos II e IV, davam indícios de contaminação por práticas pagãs.
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Alguns católicos poderiam dizer, então: Se a Igreja era tão errada entre os séculos II e IV, como poderia ter autoridade para escolher quais livros seriam incluídos no Cânon Bíblico? A Igreja como povo de Deus nunca foi errada, mas as pessoas que a compõem, sempre foram imperfeitas. Daí vemos Salomão ser escritor da Palavra de Deus mas ter se desviado de Deus (1 Reis 11). Isso mostra o amor de Deus por seus filhos, que apesar de seus erros, foram usados por Deus para cumprir seus propósitos. E a beleza desse amor é que apesar de uma igreja ainda jovem, que sofria às mãos de seus perseguidores, Deus não permitiu que acrescentassem em sua Palavra nenhuma dessas práticas errôneas contrárias a outros versículos da Bíblia, como acreditar que Pedro e Paulo poderiam interceder por nós, e que eles poderiam nos ouvir.
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Mesmo assim, os apologistas católicos tentam usar a Bíblia para apoiar a argumentação em favor da crença na intercessão dos santos. Por exemplo, podem usar Apocalipse 6:9, 10. Lemos ali:
“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram. Eles clamaram em alta voz, dizendo: Ó Soberano, santo e verdadeiro, até quando aguardarás para julgar os que habitam sobre a terra e vingar o nosso sangue?“
Este texto fala dos mártires devido ao evangelho de Jesus, enquanto estão no céu, pois são almas e haviam sido mortas, clamando a Deus em favor do julgamento dos que habitam na terra e da vingança do sangue dos próprios mártires (“vingar o nosso sangue?”). Mas onde no texto se afirma que estes mártires estão intercedendo por nós aqui na terra? Em lugar algum! Eles estão pedindo em favor deles mesmos, lá no céu, e por justiça e julgamento contra os que os mataram. Eles sabem que morreram assassinados, por isso clamam por justiça para com seus assassinos. É isso realmente intercessão? De jeito nenhum! E se fosse, essa passagem provaria, no máximo, que os no mundo espiritual podem interceder apenas pelos que vivem no próprio paraíso (céu para os católicos), assim como também, segundo a Bíblia, os cristãos aqui na terra devem interceder apenas por aqueles que ainda vivem entre nós. Por isso, desafio os católicos a provarem na Bíblia, em livros Inspirados por Deus (não em aberrações encaradas como parte das Escrituras apenas no século XV), se:
1. Há na Bíblia um único caso de seres espirituais intercedendo a Deus por nós aqui, além de Jesus.
2. Há na Bíblia um único caso de um cristão dirigir-se a algum espírito para que este interceda a Deus por alguém na terra, que não seja Jesus?
Então, o ponto que precisamos enfatizar: O fato de crermos que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens não anula a necessidade de intercedermos uns pelos outros aqui na terra, pelo fato de que o papel de Jesus de mediar depende de Ele cumprir com os requisitos de ser perfeitamente Deus e Homem, e sem pecado, portanto, apenas ele pode mediar. Mas nós não precisamos ser perfeitamente Deus e homem, e sem pecado, para pedir a Deus por outros.
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Argumento Católico Romano 2 - Nós, católicos, cremos que só existe um mediador diante de Deus e dos homens. Não existem dois, mas um apenas. Muito menos que Jesus seja o principal mas haja outros coadjuvantes. Assim, cremos num único mediador, todavia, Ele, Jesus, não é sozinho. Cristo tem um corpo e esse corpo é a igreja. Cristo é a cabeça e nós somos o corpo, e como corpo de Cristo, nós somos os membros do corpo desse único mediador. Por isso que São Pedro pode falar que somos sacerdotes. É por isso que o Apocalipse pode dizer que somos um reino de sacerdotes. Assim como Jesus é o único sacerdote mas não é sozinho, pois tem outros sacerdotes, ou seja, a Igreja, assim também Jesus é o único mediador (intercessor) mas não é sozinho, pois tem sua igreja como seu corpo intercessor. Assim, esse único mediador é Cristo, mas o Cristo total, ou seja, Ele e a Igreja. Sendo assim, a sua igreja pode, como corpo dEle, mediar e interceder. Assim, esse único mediador é a cabeça e os membros (nós, cristãos).
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Resposta Cristã - Em primeiro lugar, quando se diz na Bíblia que Cristo é o cabeça do corpo, a Igreja, não se usou essa figura de linguagem, esse recurso linguístico, para ensinar que Cristo é o único mediador, mas não no sentido estrito, rígido. Usou-se apenas essa metáfora para mostrar a relação inseparável de Cristo com sua Igreja. Se fôssemos levar isso a sério, que sempre o que Cristo faz a sua igreja deve fazer igual, pelo fato de serem juntos cabeça e corpo, então seríamos obrigados a admitir que literalmente morremos com Jesus na cruz, que Cristo intercede por ele mesmo, e outras aberrações. De fato, se esse papo de Cristo-Todo fosse base para os do céu intercederem por nós, então deveríamos orar a Deus em favor deles, mas por quais motivos? Se conforme alguns católicos sugerem, os anjos de Deus informam os santos de nossas petições (pois os santos não podem nos ouvir), ou que o próprio Deus conte aos santos nossos pedidos para eles contarem os mesmos pedidos a Deus, então já que somos um Cristo-Todo, seria muito natural que Deus nos informasse por quais motivos devêssemos orar pelos santos já na glória. Mas isso não acontece. É óbvio! Será que o Cristo-Todo, em termos de intercessão, funciona só de baixo para cima? Sei não!
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Em segundo lugar, o fato de Jesus ser o único sacerdote (na verdade ele é Sumo Sacerdote) sendo que somos sacerdotes com ele piora as coisas para a Igreja Católica, porque prova que há ações e atitudes que somente Cristo faz, assim como os sumos sacerdotes em Israel realizavam obras no santíssimo que somente eles poderiam fazer. Portanto, só Jesus, no céu, ouve nossas orações, pois ele é Deus, e somente ele tem esse poder. Só Deus é mencionado nas Escrituras como ouvinte de oração. Aqui na terra, quando alguém pede uma oração da nossa parte em seu favor, o pedido dela é atendido porque a outra pessoa pôde ouvi-la. Mas será que no céu os santos têm o poder de ouvir milhões de orações ao mesmo tempo e levá-las a Jesus, para Jesus levar para Deus-Pai?
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Em terceiro lugar, pensemos em outros questionamentos. Por exemplo, os anjos de Deus são mensageiros de Deus e muitas vezes em nosso favor. Quando enviados por Deus, eles agem por nós. Nesse sentido, poderiam ser considerados intercessores de Deus, não entre Deus e os homens. Por quê? Porque não há um caso nas Escrituras em que um servo de Deus orou a um anjo! Orações intercessoras a seres espirituais, que não sejam a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), não são mencionadas na Bíblia. O fato de homens conversarem com anjos de Deus não significa que eles estivessem orando e contando com a intercessão deles, do modo como a Bíblia nos ensina a interceder uns pelos outros. Além disso, no mundo espiritual, não há referências bíblicas de santos orando a Deus por nós.
Conclusão
Não cremos na Tradição da Igreja Católica Romana. Ela é antibíblica. Qualquer estudioso sincero sabe que a Igreja Romana chupou com força muitas de suas crenças do paganismo. Nada nas Escrituras, nem de longe nem de perto, apóia a crença de que os santos lá intercedem por nós. Há de se fazer muito malabarismo textual para provar o absurdo. No mundo espiritual, é Jesus, com suas naturezas divina e humana, quem faz a intercessão e mediação. Mesmo assim, Deus nos ensina a orar uns pelos outros, intercedendo uns pelos outros. Isso faz com que Jesus deixe de ser o único mediador em sentido estrito? Não, porque ser mediador é apenas papel de Cristo, porque sua mediação se dá por ser plenamente Deus e plenamente homem, e é aplicada em sentido salvífico. Nós não podemos, no contexto Cristão, sermos mediadores entre Deus e os homens, porque não podemos religar o homem com Deus. Mas podemos interceder pelos outros porque Deus assim permite que nos importemos com nosso irmão.
Quanto aos que estão na glória (no céu, para os católicos romanos), lá no paraíso não lhes foi dada essa função de interceder por nós por sua incapacidade e limitações. Eles não podem nos ouvir. E não há um versículo na Bíblia que nos ensine que os anjos que vivem à nossa volta ouvem nossas orações e as levem para os santos, para que estes as levem para Jesus.
Alguns apologistas católicos dizem que oram todos os dias pelos protestantes e evangélicos, para que estes se convertam, tornando-se católicos, para que só assim possam ser salvos. Quanto a nós, protestantes e evangélicos, oramos para que Deus continue demonstrando a sua graça a todos eles, e que possamos confiar na salvação da Igreja através de Cristo, não de placas denominacionais.
Notas:
* Embora Moisés seja chamado de Mesítes (mediador), este representava a Cristo. – Gálatas 3:19, 20.
¹ VINE, W. E. Dicionário VINE : O significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Página 777. 3.a Edição. São Paulo, SP: CPAD. 2003.
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Fonte: Instituto Apologético Cristo Salva, via Bereianos
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