sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Cantora mostra falta de cultura e alienação em entrevista à Marília Gabriela





Sempre volto da faculdade tarde da noite, depois das 11h30, já que preciso viajar para estudar (o campus de Direito de minha faculdade, a Universidade Federal de Rondônia, está em Cacoal, distante cerca de 60 km de minha cidade, Rolim de Moura). Chegando dia desses da aula, depois de longo tempo de greve, resolvo dar uma relaxada antes de dormir. Assalto a geladeira e ligo a TV. Mas quase engasgo com o que vi.

No programa de entrevistas da jornalista Marília Gabriela, lá estava ela, a diva pop-gospel, impávida diante das perguntas: Aline Barros. Confesso que gostava mais de suas músicas quando ela ainda era mais jovem, sem ter se rendido tão sofregamente ao espírito de Baal que campeia aquela que um dia se chamou “igreja evangélica brasileira”. Tal espírito de Baal é capaz de desgraçar uma pessoa afastando-a da Graça do Crucificado e desumanizando-a, no caminho inverso ao do Verbo, que decidiu Se humanizar, conforme nos relata o Evangelho de João.

Não vi toda a entrevista, mas o que vi me deu engulhos. Em nenhum momento consegui ver Jesus nos olhos, palavras ou atitudes da moça. Não vi, em seus belos olhos delineados com maquiagem de primeira, o brilho da espontaneidade de pessoas tocadas pela misericórdia do Senhor que, ao perceberem o ato divino, entendem-se mais humanos e mais alertas contra a tentação de se verem como parte da divindade, como foi a tentação da serpente contra Eva e que agora é repetida ad nauseaum. O que vi foi apenas um triste teatro querendo passar a virtude triunfalista e alter-humana de Baal, ao afirmar que não possui medo, pois este é apenas o último obstáculo a ser vencido na caminhada para o sucesso.

Mas a cereja do bolo estava no final. Num rápido bate-bola, Marília Gabriela faz a derradeira pergunta: “Aline Barros por Aline Barros”. Depois de revirar os olhos, ela simplesmente diz: “sou uma princesa de um reino eterno de amor”. Pois é, além de Baal desumanizar seus servis colaboradores, ainda os faz pensar que estão em algum tipo de conto de fadas. Talvez seja uma reminiscência da Xuxa, aquela cantada como “minha rainha, minha fada madrinha” anos atrás pela própria Aline, ou talvez seja uma referência a She-Ra, personagem icônico de grande parcela da população, especialmente da parcela de fãs GGs da cantora.

Enfim, Jesus disse que a boca fala daquilo que enche o coração, e Freud disse que ato falho é aquilo que nosso inconsciente nos faz dizer mesmo quando tentamos encobrir conscientemente. Aline Barros, a She-Ra do “mundim góspi” tupiniquim, comete o ato falho de se revelar como habitante de uma terra de faz-de-conta, de fantasia, onde há um “arco-íris de energia”, revelando um coração transbordante de irrealidade. Mas na terra de fantasia não há espaço para o Verbo, que não é fantasia, mas sim real. Na ilusão não há lugar para o despertamento causado pelo verdadeiro amor do verdadeiro Deus. Enfim, no castelo de faz-de-conta desumanizante e desumano da engrenagem gospel, não há lugar para o trono do verdadeiro Rei.

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Digão torcia mesmo era para o Esqueleto fugir com a Feiticeira, para o Genizah


Nota do Editor


Eu tive o desprazer de assistir a toda a entrevista, motivado pelo relato de alguns irmãos - o assunto veio à baila em um almoço de negócios. A opinião geral era de vergonha alheia. Eu que não tinha visto, e por achar a moça simpaticona fiquei quieto. Mas chegando em casa, fui buscar o vídeo no YOU TUBE. Ia ficar calado, mas vi o artigo do Digão... Não resisti. Não dá para não concordar. Aline Barros é mesmo como ela mesma se define - uma princesa num conto de fadas e o Evangelho é o "conto" - um emaranhado de chavões superficiais de auto-ajuda formando a constituição de um reino de fantasia.

Uma tristeza, pois creio que Aline pode mesmo ser muito usada,  ainda que neste sono de branca de neve gospel,  que mordeu a maça envenenada da "confissão positiva".

Chocou a demonstração de total falta de cultura geral e uma mentalidade de gueto. Um artista - e ela é muito talentosa, não se pode negar - é geralmente aberto às outras expressões culturais. Alguém "antenado". Já o cristão, sem ceder ao mundanismo, é alguém sensível ao que se passa à sua volta e um cidadão ativo, militante, informado - como foram os apóstolos de Cristo, em especial, Paulo. Afinal, somos sal e não arroz de festa. Não viemos para reinar, mas para servir. Nossa liderança é pelo exemplo, não pela expressão da bancada evangélica.

Aline Barros: Monarquista? Eu não Gabi, noizé crente!

Fiquei absolutamente sem graça quando Aline passou atestado de ignorância total, reconhecido em cartório gospel em 3 vias carimbadas e ungidas, deixando claro desconhecer o que venha a ser um estado laico ou uma monarquia?! Mas, como 'princesa', não seria de se esperar que ela soubesse?! Risos! (27-30 minutos do vídeo). Por fim,  cheguei ao enjôo antes do Digão, já quando ela discorreu sobre a formação de um pastor. Cacildis!

No fim das contas, Gabi mostrou ao mundo, através de Sarah Sheeva e Aline Barros um povo alienado, culturalmente raso, defensor de um arremedo de "evangelho" travestido de psicologia de auto-ajuda de quinta categoria. Ganhamos a pecha de um estilo de vida sectarista e legalista e um exacerbado orgulho triunfalista. A pior leitura possível da mensagem da salvação dada aos filhos que assumem, por amor, a vontade do Pai e a missão integral que este Lhes confiou: a de ser a luz do mundo e sinalizar o Reino e a sua justiça aqui e agora!

Santa humilhação! Muito diferente do que seria o nosso ministério,  Sarah e Aline reduziram os nossos líderes a reis "ungidos", proclamadores de chavões, alpinistas dos lugares mais altos da sociedade, exploradores da crendice alheia, mestres de cerimônia de festas temáticas para principes e princesas de buffet infantil barratijucano. As igrejas, seriam castelos de Cinderela lotados de bedéis da genitália alheia e cercados da miséria humana, totalmente ignorada pelos moradores adentro dos muros. Ja as duas, elas mesmas, as princesas queridinhas gospel do sapatinho de cristal.

Vou vestir pantufas, guizos e um chapéu de 3 pontas e sair saltitante por ai. Neste "reino" só tenho lugar para bufão e, pelo visto, somos muitos.

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