sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Cristianismo precisa de uma oposição com base teológica e regenerada pelo Espírito Santo de Deus



Ando devagar porque já tive pressa…

Estamos vivendo uma das mais intensas épocas da história da humanidade. Tudo é rápido demais, instantâneo. Os jornais mostram isso, as metrópoles mostram isso, as mídias mostram isso…

Os historiadores ratificam que estamos numa época plural cuja linearidade dos fatos compreendida outrora, os paradigmas positivistas, marxistas, dentre outros, não suprem a necessidade de se compreender a realidade.

O ser humano se inventa e se reinventa constantemente. Parece estranho, mas, só de pensarmos que a 40 d.C., na cosmopolita Corinto, o hedonismo imperava e a prática homossexual e libidinosa em locais de fácil acesso era constante, e que hoje a “moda” da homossexualidade assusta muitos como algo jamais visto na humanidade, notamos como este espiral da realidade não traz muita coisa de nova. Algumas coisas tendem a se repetir.

Entretanto uma coisa me incomoda: a possibilidade de fragmentação da “esquerda” (no melhor sentido possível) evangélica. Aqui se entenda “esquerda” os grupos, pessoas e comunidades que se opõe (ou se opunham) ao pseudo-evangelho pregado e veiculado pela grande parte da mídia.

O histórico sincretismo religioso do nosso país dão provas de sua existência nos processos de mutação e surgimento de variações esquisitas no meio evangélico. Como falei no início, tudo é rápido demais, instantâneo… Vejamos que enquanto as mais variadas igrejas e teologias neopentecostais se multiplicam e se apresentam a sociedade, a “esquerda” rapidamente e em pronta resposta reformula seu discurso e defende sua fé.

Durante mais de um ano venho escrevendo e me colocado contra o modismo evangélico, a teologia da prosperidade, o mercado Go$pel, as esquisitices, e tanta coisas estranha. Portanto ao ver ao meu redor confesso que me senti dentro de uma militância de subversivos que também pensa (ou pensava) como eu em relação a este leque de coisas que tem adulterado a simplicidade do evangelho de Jesus.

Mas a notícia triste que quero dar-vos é que esta “esquerda” também passa por este mesmo processo de fragmentação.

Não sei se muitos cansaram de bater nos vendilhões da fé, nas denominações neopentecostais, nos ladrões de almas, mas noto que muitos “esquerdistas” começam a procurar caroço de manga em banana e passam a atacar e banalizar algumas divergências muitas vezes irrelevantes que se apresentam no meio cristão que tanto tentam manter-se firme a Verdade.

Temos grupos que se digladiam constantemente. Feridas são feitas todo os dias, outras são reabertas e assim sendo, começamos a perceber que o Ego ainda é algo que Teologia não consegue penetrar. Se quanto antes tínhamos a simples divisão entre calvinistas e arminianos e pensávamos ser algo chato, imagine hoje com os grupos: calvinistas, neocalvinistas, calvinistas ortodoxos, calvinistas-liberais, hiper-calvinistas, puritanos, neo-puritanos, desigrejados, arminianos, arminianos moderados, “desnomeados”, e por aí vai…

Quero deixar claro que de hoje em diante não pretendo me rotular enquanto estereótipo de cristão. Não quero confundir mais ainda esta fragmentação (embora para alguns acabe confundindo). Apenas quero viver como Jesus viveu. Quero pedir a Deus forças pra isso. Quero apenas ser o que a palavra “Cristão” verdadeiramente quer dizer.

Mas algo diante disso tudo me deixa feliz. Enquanto muitos se atacam e discutem questões como igreja, denominação, dízimo, fazendo de suas diferenças a honra de uma guerra santa, outros mesmo em divergências superam-nas e no amor de Cristo caminham lado a lado dialogando de forma moderada e com sabedoria.

Só sei que não estou com pressa nenhuma em ver tanta gente se dividindo por causa de uma liturgia de culto, água de batismo, dízimo ou coisa assim…

***

NOTA DO BLOGUEIRO:

Gente, criei esta nota para esclarecer algumas expressões declaradas no texto abaixo. O que pra mim não passou de um post comum, sem demasiadas complicações, percebi que para alguns leitores não ficou muito clara a ideia do texto, sei que por incompetência minha mesmo ou talvez (para os menos puros de coração) por distorceram o sentido da coisa.

A primeira coisa importante é deixar claro que quando usei termo “esquerda”, e fiz questão de fechar aspas, o fiz para apresentar um panorama comum entre aqueles que encontram-se em maioria no meio evangélico cujo conteúdo do evangelho é duvidoso, estes que são legitimados pela mídia religiosa versus a pequena minoria que se opõe teologicamente ao padrões de evangelho destes e as condutas esquisitas capitaneadas pelas denominações neopentecostais. Alguns leitores, talvez antenados em política, equivocadamente fizeram alusões sobre ‘esquerda política’, comunismo, PT, ou coisa desse tipo. Longe disso, pura especulação até sem lógica. Há 10 anos o próprio PT é SITUAÇÃO no Brasil. Penso que foi puro trauma ou ressentimento político de alguns, pois na minha cabeça, juro, nem passou tal possibilidade.

O fato da fragmentação remete-se aquela velha verdade: há lobos no meio nós, e o objetivo destes é destruir a Verdade, dividir, confundir. O que ocorre, e foi o que percebi, é que há muita gente com sede de dissociações. Desigrejados acusando crentes que se reúnem em “igrejas formais”, calvinistas extremistas que se engessam em liturgias de culto, crentes híbridos (meio reformado, meio liberais), outros que na medida que prezam pela autonomia do Evangelho da Graça, ao mesmo tempo negam a inerrância da Bíblia. Enfim, foi nesse contexto que assumi a responsabilidade de chamá-los de “esquerda”. “Esquerda” que se opõe ao “Evangeliques” típico ao gosto do freguês, mas que na verdade, num segundo momento se divide e se fragmenta em outros aspectos, alguns sérios, outros que chamaria de irrelevantes.

No fundo, o olhar foi mais um ensaio meio que histórico a partir de uma pensamento não linear da história e o próprio movimento de fragmentação social e cultural do século XXI, coisa que já tinha escrito há meses atrás ao citar o sociólogo Bauman e a sociedade liquida. Por fim, vejo que essa fragmentação parece ser bem necessária, porque o caminho é estreito e poucos de fato, entrarão.

O que passar dessa compreensão, perdoem-me, pode ser uma leitura super tendenciosa, ou no mais, sensacionalista. Enquanto seguidor de Jesus, ratifico, prefiro ser um cristão verdadeiro. Enquanto opositor ao “Evangeliquês moderno” pregado na grande mídia, neste sentido, me coloco como “esquerdista” sim, por que não?

Que a paz Cristo iunde nossos corações.

Misael

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