domingo, 10 de junho de 2012
Desde pequena sou cristã. Comecei
a ir à Igreja Batista quando tinha dois anos. Lembro-me um pouco dessa fase.
Morava ainda em Barra de São Francisco, no noroeste do Espírito Santo. Apesar de
muito nova, a minha mente não consegue apagar a lembrança da primeira música
que ouvi no maternal da igreja: “eu vou crescer, eu vou crescer, eu vou crescer.
Crescer, crescer, crescer, crescer para Jesus. E quando eu estiver desse
tamanho assim (as crianças pulavam neste momento). Eu quero trabalhar para meu
Jesus sem fim”.
Naquele dia algo me tocou de maneira especial. Mas não era
possível entender o que era. Só sabia que Jesus morava no meu coração e que ele
me amava. Enquanto eu crescia, aumentava mais a vontade de ir à igreja para
cantar, adorar a Deus. Meu gênio, indomável em casa, era transformado quando eu
estava na Casa do Senhor. Eu ainda não sabia que Ele queria algo diferente para
mim. Hoje vejo que ainda na infância comecei a viver um duelo. Meu ego brigava
com o divino. A natureza humana em certas situações falava mais alto. Eu me
entregava às travessuras de criança, aos momentos de rebeldia com a minha mãe,
às mentirinhas inocentes. Mas no fundo, apesar de ser uma “criança indefesa”,
eu já tinha consciência do meu pecado. Na Escola Bíblia Dominical, eu aprendia
que quando fazíamos coisa errada, Deus ficava triste. Eu sentia vergonha de
Deus ao cometer pequenos deslizes.
Quando comecei a ler, aos cinco anos, uma
das coisas que eu me dedicava era ao entendimento da Bíblia. Gostava muito de
ver algumas coisas. Meu livro preferido era de Salmos. O capítulo que tocava em meu coração era o 23
por causa do livrinho Ovelhinha Perdida, que ganhei da minha mãe, e que já
trazia nas suas primeiras páginas uma referência a esse texto. A lição que
tirava desse capítulo é que Deus estaria comigo em todos os momentos. E isso me
tranquilizava. Também me dedicava à leitura de outros Salmos e ficava fazendo
musiquinhas da minha cabeça com alguns versículos desse livro. Era a minha
diversão. Eu me sentia viva ao fazer isso. Sentia uma presença especial.
Como cristã
protestante, passei a ver as diferenças religiosas com mais precisão quando aos
sete anos fui estudar na escola católica Santa Terezinha, chamada também de
Colégio das Irmãs. Lá boa parte das madres eram professoras, até de Educação
Física. O conflito na escola começou quando fomos direcionados à capela. A irmã
Valdete nos mandou rezar. E eu disse: professora, eu não rezo. Eu oro para
Jesus. Os coleguinhas na sala riram de mim. E começaram a me chamar de crente
da bunda quente. Eu não me importava. Não tinha vergonha nenhuma em dizer que
eu era evangélica. Na igreja, nessa idade eu já era bastante ativa. Participava do coral de crianças, das
Mensageiras do Rei. Até menti a idade para ser da sala dos juniores e não ficar
mais na sala das crianças pequenas.
Quando ganhei minha primeira Bíblia, aos
oito anos, um presente da minha mãe com sua amiga Ivonete, morri de felicidade.
Era meu sonho ter uma Bíblia. E usava a Palavra para evangelizar as crianças
menores da minha rua. Eu usava a escada que dava acesso à casa da Sônia, minha
vizinha, para ensinar aos pequenos as musiquinhas que aprendia na igreja. Montamos
um coralzinho. Depois, outras crianças maiores começaram a participar do nosso
cultinho. Eu era a responsável pelas músicas e também pela palavra. Claro que
nada saía do jeito planejado. Era difícil controlar a criançada. Em meio a
tanta bagunça, apenas conseguíamos entoar alguns cânticos e ler alguns
versículos da Bíblia. Era muito legal. Lembrar dessa época me faz ter saudade. Saudade
de um período em que estava muito mais perto de Deus e que apesar do conflito
entre o ego e o divino existir, eu ainda dava mais espaço para a natureza de
Jesus do que para as minha natureza humana.
Quando vim morar em Vitória, aos 10
anos, a mudança de igreja me trouxe um choque. Não era igual em Barra de São
Francisco. Lá eu tinha liberdade para cantar, levantar as mãos, bater palmas e
chorar. Na nova igreja, apegada ao tradicionalismo, tive que retrair minhas
emoções. Mas foi também uma boa época. Participava das Mensageiras do Rei, era
muito comunicativa na Escola Bíblica. Meu lado questionador foi colocado à
mostra nessa fase. Aos 12 anos, os professores da EBD tinham que aguentar
minhas perguntas, minhas interrupções. Quando eu não concordava com alguma
visão, eu já falava. Não tinha medo de expressar. Quando a adolescência veio de
fato, uma mudança profunda começou a acontecer na minha vida. A vida mundana, fora
do conceito bíblico, foi me atraindo. Queria me divertir com os amigos, ficar
na rua contando casos. Implicava com outras crianças da escola. Já pensava em
namorar. Ficava muito dividida. Num dia,
eu estava me sentindo mais próxima de Deus. No outro, queria mais era viver a
minha liberdade. Eu hoje sei que as minhas escolhas na adolescência
interferiram muito na minha vida espiritual. Ali, eu comecei a esquecer de que
o caminho que leva a Deus é estreito. Não é fácil.
Hoje, aos 28 anos, vivo as
consequências dos meus erros. Vejo que sou muito aquém do que Cristo queria que
eu fosse. Em muitos momentos, deixo minha natureza ter total controle da minha
vida. Sinto-me como se fosse deus de mim mesma. Mas quando minha arrogância
chega ao limite mais alto é quando percebo que não sou nada. A queda é forte, cruel e dolorosa. É como se
faltasse força para continuar. Aí percebo que cai porque quis andar sozinha. Quis
viver minha vida sem precisar da ajuda de Deus.
Numa mensagem que assisti pelo
Youtube do pastor americano Paul Masher, um batista do Sul dos EUA, entendi que
Deus quer muito mais de mim. Como humana vou sempre errar. Mas como uma
verdadeira discípula de Jesus eu preciso reconhecer que sou pecaminosa e que
Jesus vai terminar a obra que Ele começou em mim lá atrás, quando eu o conheci
na minha infância. Preciso deixar de ser dominada pelo meu egoísmo para
desfrutar dos frutos do Espírito Santo. Isso não significa que não vou errar
mais. Acho que do jeito que sou vou seguir errando até o fim, mas com a certeza
que Jesus vai me ensinar a mudar e a não cometer os mesmos erros.
Tenho aprendido
que a busca por um relacionamento com Deus é a forma que temos para nos tornarmos
diferentes. Quando convivemos muito com alguém, pegamos manias, somos
influenciadas pela maneira de agir daquela pessoa. Da mesma forma acontece
quando nos aproximamos de Deus. Isso significa que quanto mais perto eu viver do
Senhor, mais parecida com Ele eu vou ser. Aos poucos o pecado que vive em mim
perderá espaço, porque o meu tempo será preenchido pelo que é mais sublime. Espero
melhorar. Espero ser o que Cristo quer de mim. Quero ser uma cristã, filha,
esposa, mulher, amiga e profissional melhor, vivendo os propósitos de Deus.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Curta nossa página no Facebook
Postagens populares
Tecnologia do Blogger.
Arquivo do blog
Notícias
Por Gospel+ - Gospel+ Noticias
0 comentários:
Postar um comentário